Embora fosse um plano antigo, todo o planejamentoe execução do Vulcão Misti Summit
Experience foi feita com apenas 2 dias de antecedência, aproveitando uma janela de férias do Ricardo e uma oportunidade de trabalho da Andrea – que alegria termos conseguido conciliar para curtir uma montanha juntos!!.
O vulcão Misti está localizado na Reserva Nacional Salinas e Aguada Blanca e compõe a cadeia de picos e vulcões de mais de 50 km de comprimento e é o vulcão símbolo de Arequipa, cidade encantadora ao sul do Peru e, embora não tenha um grau de dificuldade elevado, é um dos desafios de alta montanha pela sua altitude e características de seu solo.
Aclimatação: ponto de atenção, MTB no Vulcão Pichupichu e um pôr do sol maravilhoso
Como a expedição foi planejada no curto prazo, o período aclimatação foi um ponto de preocupação pois sabemos a sua importância para evitar o soroche / mal de altitude e por isso não perdemos tempo e já começamos a fazer logo em nossa chegada a Arequipa, que está a 2.300 msm, tomando muita água (cerca de 2,5 litros por dia!!).
Mas não foi só isso não, a agência que contratamos Quechua Explores Andeans Mountains, do amigo e guia profissional Ivan Jimenez Guzman que esteve conosco no Aconcágua Summit Experience, preparou uma aclimatação única de Mountain Bike a 4.200 msm no Vulcão Pichupichu com direito a downhill e um visual maravilhoso da cadeia de vulcões e do pôr do sol.
Além da aclimatação, foi ainda uma ótima oportunidade para superar limites em uma atividade que não estamos acostumados e que acabamos adorando!!
Contratempos e replanejamento já no início da jornada ao cume do Misti
Nossa expedição saiu bem cedo de Arequipa com destino à base do Vulcão Misti, em cerca de 5 a 6 horas de viagem por pequenas cidades e na Reserva Nacional Salinas e Aguada Blanca com visões magníficas das cordilheira de vulcões e com a possibilidade de avistar e estar bem perto de guanacos e das encantadoras vicunhas.
Adentrando à reserva já se pode deparar com o terreno arenoso e que nos trouxe um contratempo: nosso veículo atolou e descarregou a bateria. Depois de muitas tentativas de liberá-lo e cerca de 3 horas de espera no sol e vento, um novo veículo chegou para ajudar mas, quase no anoitecer, decidimos que ele nos deveria levar para a base do vulcão a cerca de 4.100 msm.
Rapidamente os guias montaram as barracas e preparam o jantar e, enquanto comíamos, avaliamos a situação e refizemos junto com o guia Alain Chacon o nosso plano: ao invés de atacarmos o cume do campo base a 4.650 msm sairíamos às 02:00 am dali mesmo.
Uma difícil decisão a 5.500 msm com os efeitos da altitude
Deixamos os equipamentos preparados, dormimos o que foi possível (!) e, na hora combinada, na escuridão e no frio, lá estávamos nós iniciando nossa jornada. O primeiro trecho até o campo base foi puxado pois é bastante íngreme e com muitas pedras o que exigiu um esforço adicional que deveria ter sido realizado no dia anterior.
O campo base tem uma boa estrutura de dome onde descansamos depois de cerca de 3 horas de subida. Já com o dia amanhecendo, reiniciamos a jornada agora em um terreno mais arenoso que reduzia a velocidade de subida e exigia bastante da musculatura.
Atingindo os 5.200 msm o Ricardo começou a ficar sem energia e sentindo o estomago ruim e, com muito esforço conseguiu chegar aos 5.500 msm graças à energia que a Andrea passava a cada passo e a assistência de nosso guia Alain Chacon.
Não é fácil olhar para cima, ver o cume e sentir que não se tem forças para alcançá-lo. Mas em alta montanha é importante que o montanhista saiba sentir o seu corpo, reconhecer e respeitar o seu limite, acima de tudo a vontade da montanha, para evitar consequências que podem chegar até a perda da vida.
Em uma experiência que ainda não tínhamos vivido e em um momento de bastante tenso e de forte emoção, entendemos que o melhor seria o Ricardo voltar e a Andréa seguir a jornada levando nossa bandeira até o cume.
Superando limites, achando forças onde não existia e alcançando o cume
Embora próximo ao cume, o caminho ainda era bem íngreme e levaria ainda mais de uma hora para alcançá-lo. Apesar de todo o desgaste das já 9 horas de subida, os efeitos da altitude e emocionalmente abalada, com o pensamento focado nele e o apoio e a motivação do guia e agora já amigo Alain, a vista deslumbrante, de onde podia se ver todo caminho e esforço percorrido, a Andréa conseguiu uma energia extra que fez com que fosse possível chegar ao desejado Cume de 5.825msn.
Ainda com os olhos cheios de lagrimas, a Andréa ficou fortemente emocionada ao ver o incrível lugar que estava, de um lado a frente do vulcão Chachani, do outro a cidade inteira de Arequipa com a cruz que sempre simboliza o Cume e a fantástica cratera, que depois na cidade ficamos sabendo que alguns dias atrás estava dando sinais de atividade. A emoção de estar lá carregando a bandeira “Casal A+R Extreme” fez a Andréa recarregar a energia, lembrando que a chegada ao cume é só uma parte do caminho e ainda teria pela frente toda a descida até o acampamento.
No campo base, a ansiedade por notícias que o Ricardo estava foi transformada em uma alegria enorme com a emocionante conversa com a Andrea pelo rádio “Eu estou no cume….é lindo!!”. Aí então foi o tempo de espera (parecia que nunca chegaria) a descida, que levou mais 2,5 horas, para um gostoso abraço e um beijo com toda a essência Casal A+R Extreme que marcou uma conquista de muita superação.
Chachani: uma noite a 5.200 msm e momentos de contemplação da natureza
Depois da conquista do El Misti, seguimos para o campo base do Vulcão Chachani onde passamos uma fria noite a 5.200 msm e pudemos nos recuperar do esforço realizado e termos uma manhã para contemplar a beleza do vulcão e seu entorno.
Na volta a Arequipa, pudemos celebrar essa conquista com pisco e um pôr do sol maravilhoso no terraço do hotel Katari na Plaza de Armas.
Dicas Summit Experience Casal A+R Extreme
1. Equipamentos e estrutura da expedição
- Equipamentos básicos para alta montanha são essenciais, como bota e calça de trekking, luva, fleece – vide nosso post 5 dicas fundamentais sobre equipamentos
- A quechua inclui no pacote alguns equipamentos como barraca e, em nosso caso, também um saco de dormir e isolantes. Consulte-os para saber os equipamentos mínimos e o que eles podem oferecer.
2. Aclimatação à altitude, muita água e dormir bem
- Uma aclimatação é fundamental para evitar que o mal de altitude / soroche não afete a expedição e é recomendado que faça um período antes de realizar a expedição. Na região de Arequipa é possível fazer sem grandes deslocamentos.
- Não deixe de beber muita água – pelo menos 3 litros/dia, começando antes de sua viagem
- Dormir bem faz a diferença e foi o que provavelmente afetou o Ricardo. Então, não deixe uma noite mal dormida comprometer sua expedição.
3. Alimentação
- Busque alimentos que está mais acostumado, evitando novidades pois elas podem trazer surpresas desagradáveis durante a expedição
- Na alta montanha é importante ter com você alimentos que gerem energia e que reponham sais minerais e possam recuperar a musculatura que vai se perdendo com o passar dos dias da jornada.
Acesse também o site Peru Travel para ter muitas informações sobre esse país incrível. https://www.peru.travel/pt-br/para-onde-ir/arequipa.aspx