Nossa expedição aos Andes da Bolívia, foi um marco importante em nossa jornada em alta montanha pois pudemos ter a experiência em situações críticas em gelo e ainda atingimos nossa maior altitude até então que foi marcada pelo desafio pela neve e gelo e aprendizagem em situações extremas.

Arequipa: retorno para a “Cuidad Blanca” e o início da expedição

O ponto de partida da expedição foi a cidade de Arequipa (Peru) para encontrar nosso amigo e guia Ivan Jimenez da Quechua Explorer A.M. e estar novamente nesta encantadora cidade nos fez relembrar os momentos especiais de nossa expedição Summit Experience “Volcanos del Peru”, nossa jornada ao cume do vulcão Misti (5.822m) e a impressionante cultura Inca e as belezas desse patrimônio da humanidade.

A aclimatação já se inicia na própria Arequipa que está a 2.300 m de altitude e, como ela é fundamental em uma expedição à alta montanha para evitar o mal de altitude (soroche), logo na madrugada de nossa chegada fizemos o incrível passeio ao Canyon do Rio Colca – o Santuário do Condor Andin, a maior ave voadora do mundo, chegando até 4.800m de altura!

Na própria noite do passeio, ainda maravilhados pela beleza do condor andino mas também muito cansados, fomos encontrar o Ivan na agência, finalizar o preparativo dos equipamentos e seguir para a rodoviária para embarcar rumo a Tacna no Peru, Arica no Chile e Tambo Quemado na Bolívia.

Uma jornada por 3 países até o Parque Nacional Sajama!

Partimos às 20:00 de ônibus de Arequipa para Tacna, última cidade ao sul do Peru e que faz fronteira com Arica Cidade da Eterna Primavera” no Chile, com o cansaço conseguimos dormir com relativo conforto, chegando em Tacna às 05:00 horas.  Pegamos um carro-lotação no Terminal Internacional de Ônibus para não termos risco de perder o ônibus a Tambo Quemado e ficamos um pouco apreensivos, pois demos nossos passaportes ao motorista para preparar a documentação, mas já dentro do carro com mais 2 pessoas, ele nos devolveu sem problemas.

Em Arica, já com o dia amanhecendo, pegamos o ônibus com destino a Tambo Quemado – Bolívia, passando pelo norte do Deserto do Atacama, uma paisagem incrivelmente bonita!   Durante a viagem, depois de quase 12 horas somente comendo lanches frios de avião, tivemos a surpresa de receber uma pequena marmitex quentinha com arroz, uma batata assada e um hambúrguer, que foi uma deliciosa refeição.

A passagem pela fronteira com a Bolívia foi bem tranquila pois ela é conjunta – em um guichê você sai do Chile e em outro você entra na Bolívia.  O sentido contrário é um pouco mais complicado e demorado pois o Chile mantem um rígido controle sobre a entrada de frutas e outros gêneros no país.

Seguimos a pé com nossas cargueiras Deuter para a pequena vila de Tambo Quemado e já pudemos sentir a diferença da cultura e, depois de comprarmos alguns alimentos e bebidas para a expedição, seguimos de carro por cerca de 30 minutos ao povoado de Sajama admirando as belezas desse lugar inóspito – o altiplano à 4.250 m e a vista maravilhosa de seus vulcões, o impressionante Nevado Sajama (6.542m) e a beleza dos vulcões Parinacota (6.380 m) e Pomerape (6.282 m).

Logo chegamos a nossa hospedagem – uma surpresa muita grande pois nosso quarto era extremamente confortável, limpo, com energia elétrica e com a possibilidade de banho quente – com certeza um luxo, além da hospitalidade e comida deliciosa preparada pela proprietária.

Vulcão Acotango: Uma expedição desafiante em meio a muito gelo e neve

Nossa aclimatação se deu com caminhadas nesse cenário maravilhoso, descobrindo as deslumbrante belezas do altiplano – seus animais e belezas naturais  e estimulados com a energia dos vulcões e montanhas da cordilheira ocidental dos andes da Bolívia.

O clima estava bastante instável pois a época das chuvas estava acabando e, com isso, ainda caia muita neve nas montanhas e, por haver riscos de avalanches, a subida ao Sajama está fechada.    Para nós, essa era uma oportunidade muito importante de aprendizado em alta montanha e um dos objetivos da expedição.

No noite do segundo dia, já preparamos nossos equipamentos e conversamos com nosso amigo e guia Ivan sobre os planos, detalhes e técnicas a serem empregadas na ascensão.

Às 2 da manhã já estávamos tomando nosso café da manhã e, assim que o carro chegou, colocamos nossos equipamentos e seguimos por cerca de 2 horas até a base do Vulcão Acotango a cerca de 5.200m de altitude.

Nossa alegria foi enorme quando descemos do carro, nos preparando com os equipamentos, e nos deparamos com cerca de 10 cm de neve fresca, o que já dava uma perspectiva do que iríamos encontrar mais acima.

A visão do dia amanhecendo e toda a montanha coberta de neve foi extasiante!

Nestas condições (neve fresca e sol) os cuidados na ascensão devem ser ainda maiores, pois a neve derrete rapidamente e pode expor riscos de deslizamento e até mesmo de gretas que ficam escondidas sob a camada de neve.  Tivemos toda orientação de nosso guia em como usar os equipamentos específicos como piollet, crampones, assim como, o que fazer em situações de risco – como por exemplo: como cair, como se sustentar e como andar encordoados.

Devido ao sol quente, a neve já derretia bastante e chegando aos 6.000 m decidimos retornar pois o risco da descida nestas condições não era pequeno.    Mas antes da descida, ainda tivemos tempo para contemplar a beleza indescritível do visual do altiplano e seus vulcões nevados e nos renovarmos com os momento únicos de contato com a natureza e a oportunidade de aprendizado.

A+R Summit Experience
  • Valor da expedição
    • A expedição que incluía Acotango e Parinacota ficou em 800 USD por pessoa e incluiu todos os transportes, ingresso no PN Sajama, hospedagem e alimentação
  • Equipamentos para expedição
    • Mochilas Deuter
    • Botas Salomon
    • Segunda pele e fleece Solo
    • Calças impermeáveis e anoraks The North Face e Kailash
    • Jaquetas polares The North Face – Pluma 800 e Termoball
    • Crampones
    • Protetor solar e labial são fundamentais neste ambiente
    • Bom seguro de viagem e para regaste (nós fomos com o nosso Spot Gen3)