Depois de toda a preparação e aclimatação, chegou enfim o momento de iniciar a nossa jornada no Aconcágua.

Como sempre é muito especial, passamos o Natal e o Ano Novo na montanha mais alta das Américas.

Passando o Natal no Aconcágua

Na volta a Mendoza, passamos pelo supermercado para comprar os alimentos complementares aos liofilizados que levamos como estratégia de alimentação para os campos de altitude acima dos 5.000 m, com o objetivo de diminuir a carga das mochilas.

Fizemos as compras (principalmente água – muita água – e alimentos mais frescos) rapidamente pois era o dia 24 dezembro e seguimos para Penitentes (cerca de 180 kms de Mendoza) onde fica a base da Inka Expediciones para o início das expedições.  Mais uma vez nos emocionamos com a chegada ao Hotel Ayelen que tem profunda ligação com a nossa história e nossa essência, fazendo parte da magia que o Aconcágua exerce sobre nós.

Logo na chegada, nos encontramos com a equipe de logística da Inka Expediciones  para organizar e separar os equipamentos que são levados pelas mulas aos campos base Confluência (3.400 m) e Plaza de Mulas (4.300 m).   Está é uma atividade que requer muita atenção e organização para que se tenha o equipamento correto disponível em cada etapa da expedição, como por exemplo:  equipamentos mais pesados de proteção ao frio podem ser enviados diretamente para Plaza de Mulas (Campo Base 2) e outros como saco de dormir e isolante térmico devem estar disponíveis em Confluência (Campo Base 1).

Depois de um delicioso banho, chegou a hora de nossa ceia de Natal em um ambiente aconchegante e já cheirando montanha.   Como na manhã seguinte já partiríamos para o início da expedição, fomos descansar mais cedo para estarmos prontos para o nosso objetivo.

O Clima de Natal Inspirando os Primeiros Passos

Depois do café da manhã, seguimos para a entrada do Parque Provincial Aconcágua e fizemos o check in em Horcones, ouvindo atentamente as importantes orientações dos Guarda Parque que visam conscientizar sobre a segurança do montanhista e preservação ambiental.    Fomos avisados também das condições de pouco gelo na alta montanha devido a temporada mais quente e que poderíamos ter dificuldades em obter gelo para fazer água para beber e cozinhar.

A emoção novamente toma conta e sentimos toda a energia da montanha, ainda mais em um dia tão especial como o Natal.

O trekking até o Campo Base de Confluência tem grau de dificuldade baixo e leva cerca de 3 horas em média e é possível ter a sensação da imensidão e força das montanhas.

A chegada a Confluência é recheada de memórias da nossa primeira ultra maratona internacional que nos deixam leves e muito contentes.

Depois de nos registrarmos com os Guarda Parques, tivemos uma alegre recepção pelo time da Inka e passamos pelo médico do campo base para checagem da oxigenação e pressão arterial – estávamos bem 96 e 95 de saturação de O2.

Confira as opções para se estar próximo ao Aconcágua  5 Opções para se Apaixonar pela Montanha mais Alta das Americas, o Aconcágua

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Energia da Montanha no Trekking até Plaza de Mulas

Como já estávamos aclimatados, não foi necessário fazer um dia de aclimatação em Plaza Francia (seus 4.250 m e o visual incrível da parede sul do Aconcágua) e no dia seguinte iniciamos o trekking de aproximadamente 8 horas até o Campo Base Plaza de Mulas, passando pelas belas paisagens da Playa Ancha e Playa Pequeña.   A imensidão nos mostra como somos pequenos diante da natureza e do universo.

Percebemos que o volume de água dos rios estava elevado, um efeito da temporada quente, e atravessá-los se tornou um desafio também devido a temperatura da água e as pedras que rolam pelo leito.

Antes de chegarmos a Plaza de Mulas, encaramos a subida da chamada Cuesta Brava que é desafiadora pelo grau de inclinação, pelo terreno arenoso e pedras soltas.

Durante essa jornada pudemos perceber a importância da correta aclimatação, da preparação física e mental pois foram fundamentais para superar os desafios e chegarmos “inteiros” aos 4.300 m de Plaza de Mulas.

Conheça como foi a nossa preparação – Expedição Aconcágua – Preparação Física, Mental e a Estratégia de Aclimatação

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Plaza de Mulas: a Casa dos Montanhistas no Aconcágua

Chegar em Plaza de Mulas é como se estivéssemos chegando em casa.  Sentimos a atmosfera do montanhismo com pessoas de todas as nacionalidades, a costumeira cordialidade e nos encantamos com infraestrutura montada pela Inka Expediciones (banho quente, internet, carregador de celular, cozinha digna de MasterChef entre outros)

Após uma deliciosa recepção, fomos nos acomodar em um domo que seria nossa casa até seguirmos aos campos de altitude.  O dia seguinte foi de descanso “ativo” preparando, testando, experimentando e organizando os equipamentos.

Em nosso segundo dia no campo base, iniciamos a preparação para os campos de altitude fazendo o transporte (porteo) de equipamentos e alimentos para Plaza Canadá a 5.050 m.   Esta também é uma atividade de aclimatação, seguindo a técnica “climb high, sleep low” que prevê subir a uma altitude e dormir na altitude menor.

A preparação para os campos de altitude inclui também a checagem da previsão das condições climáticas onde se avalia as condições de frio, neve e vento. Conversamos diretamente com o time da Inka Expediciones que fazem o monitoramento e apoiam os grupos para sua jornada rumo ao cume da montanha mais alta das Américas.

Em Plaza de Mulas ocorre mais uma vez a checagem médica com a medição da pressão arterial e da oxigenização do montnahista.   Dependendo das condições, os médicos tem a autorização para interromper uma expedição e enviar o montanhista de volta para a entrada do Parque.  Nós estávamos muito bem, sem sentir qualquer efeito da altitude, e fomos autorizados a seguir com o plano da expedição.

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Conheça também como são os banheiros, a cozinha e o banho quente em uma alta montanha #InsideOut – Por Dentro da Jornada Inspiradora Expedição Aconcágua

A Jornada aos Campos de Altitude

No dia seguinte, com nossas cargueiras preparadas, seguimos para nossa jornada nos campos de altitude.   Essa é sempre uma das partes mais tensas da expedição que literalmente tirava o sono do Ricardo, mas que, graças a preparação mental com mindfulness e inteligência emocional, foi possível passar de forma tranquila e sem estresse.

O Aconcágua possui 3 Campos de Altitude: CA1 Plaza Canadá com 5.050 m, CA2 Nido de Condores com 5.500 m e o CA3 Colera com 6.000 m.

A estratégia de ascensão aos campos de altitude deve buscar otimizar ao máximo o tempo de permanência na chamada “zona da morte” pois os efeitos da altitude vão minando a energia do montanhista.   A estratégia é influenciada também por fatores como condição climática e estado físico do andinista determinado pela sua aclimatação e cansaço, sendo assim, cada expedição estabelece sua melhor estratégia em Plaza de Mulas e que é reavaliada ao longo dos dias nos próprios campos altos.

A Ascensão ao Primeiro Campo de Altitude: Plaza Canadá

O trekking até Plaza Canadá (Campo de Altitude 1, 5.050 m) dura cerca de 4 horas com um grau de dificuldade médio e que é percorrido com maior lentidão, efeito da altitude.

Chegamos em boas condições ao acampamento e fomos ajeitar os equipamentos na barraca, apreciando a linda vista do Parque Provincial Aconcágua com sua imensidão de montanhas.

Como era nossa estratégia, nosso almoço/jantar foi com comida liofilizada complementada com alguns legumes frescos e a água que trouxemos de Mendoza foi fundamental uma vez que não havia água perto do campo de altitude.

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O Incrível Espetáculo do Pôr do Sol em Nido de Condores

Depois de uma noite muito bem dormida em Plaza Canadá, tomamos nosso café da manhã, organizamos os equipamentos e, com a mochila nas costas, seguimos a Nido de Condores.

Este é um trekking com grau de dificuldade médio devido a altitude em um terreno arenoso com poucas pedras e leva entre 4 e 5 horas.

Chegar em Nido de Condores para nós é muito especial pois adoramos a visão das montanhas, a localização do acampamento e o pôr do sol, um espetáculo único.

Nossa estratégia de preparação física, mental e de aclimatação nos ajudou muito a não sentir os efeitos característicos da altitude como dor de cabeça e perda de apetite e termos um cansaço compatível com as condições de esforço.

Jantamos muito bem e fomos descansar em nossa barraca, pois o dia seguinte nos reservava um pouco mais de altitude.

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Conhecendo o Campo de Altitude Berlin a 6.000 m

Em continuidade ao processo de aclimatação, no dia seguinte fizemos um trekking até o antigo campo de altitude Berlin que está a 6.000 m.   Embora existam refúgios no local, eles não são utilizados pelas expedições.

O trekking é de um grau de dificuldade médio pois, além da altitude, já se encontram mais pedras que requerem maior esforço na subida e atenção na descida.

Vale muito a pena não só pela aclimatação como também pela vista das montanhas e do campo de altitude Cólera.

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Início de um Novo Ano e o Ataque ao Cume

Bem aclimatados e com condições climáticas favoráveis, decidimos fazer o ataque ao cume exatamente na virada do ano – na noite de 31 de dezembro para 01 de janeiro.

Depois de uma noite de sono tranquila, acordamos às 02:00 da manhã do primeiro dia do ano e saímos para o ataque ao cume com uma bonita noite.

O caminho até Berlin foi todo no escuro. As pedras do percurso e o frio criaram uma certa dificuldade e um desgaste um pouco maior, mas chegamos bem ao acampamento.   Depois de nos hidratarmos, continuamos a jornada com o amanhecer, mas com o frio ficando mais intenso.

Chegarmos a Independência (6.600m de altura) com o amanhecer e com os raios de sol a visão que se tem deste lugar é surreal: uma imensidão de montanhas e nuvens e, logo mais acima, o percurso final de ataque ao cume e o próprio cume.   Simplesmente maravilhoso!

A altitude estava bem administrada, entretanto a Andrea veio sentindo o efeito do frio mais forte parte da subida e, na breve parada para hidratação e troca de equipamentos, percebemos que o desgaste causado pelo frio derrubou a energia da Andrea e que não estava conseguindo recuperá-la.  Considerando que ainda teríamos a parte final do ataque e todo o retorno, achamos prudente encerrarmos ali a nossa tentativa de cume.

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Realização e Aprendizado resumem essa Jornada Inspiradora

Frustação?   Não!!  As palavras certas são REALIZAÇÃO de termos nos desafiados e por termos vivido momentos tão inspiradores em toda a jornada e APRENDIZADO por cada um ter se conhecido um pouco mais e pelo nosso fortalecimento como pessoas e como casal.

O Retorno ao Campo Base e a Mendoza

Retornamos a Nido de Condores cansados, mas sem sentir qualquer efeito da altitude.  Após nos alimentarmos e hidratarmos, fomos descansar com as lembranças de uma experiência única e marcante.

No dia seguinte, baixamos para o Campo Base Plaza de Mulas para um revigorante banho, muita conversa com os amigos da montanha e um delicioso jantar.   Depois de uma noite de descanso, nos despedimos da montanha com o nosso último café da manhã e iniciamos nosso retorno à Horcones, entrada do Parque Provincial.

Como já havíamos identificado, o degelo causado pela temporada mais quente aumentou o volume nos rios, deixando a sua travessia mais complicada devido as pedras no leito e a temperatura da água.  Em uma dessas travessias contamos com a ajuda dos “arrieros” e fizemos parte da travessia em suas mulas.

Com o cair da noite, pegamos a van da Inka e nos despedimos da montanha mais alta das Américas ainda mais fortalecidos como pessoas, como montanhistas e como casal e com  mais inspiração para os novos desafios das montanhas e da vida.

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Conheça como foi a nossa preparação  Expedição Aconcágua – Preparação Física, Mental e a Estratégia de Aclimatação

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