Passados os ciclos de aclimatação com sucesso, era hora de preparar para ascender aos campos de altitude que são a base para o ataque ao cume e possuem uma infraestrutura mínima o suficiente para se passar uma noite e ascender para o próximo campo.

Esse é um momento bastante importante não somente pela altitude que se atinge mas também pelas condições climáticas em alta montanha que podem variar de um dia para o outro, muito comum no Aconcágua, tornando a jornada mais complicada e perigosa.

Preparativos e detalhes fundamentais para a subida aos Campos de Altitude

Os preparativos que antecedem a subida são fundamentais tanto no sentido da alimentação adequada ao período de permanência e a tolerância de cada um aos alimentos na altitude, como em relação aos equipamentos que deverão ser utilizados considerando o frio, ventos e neve que se deve encontrar.

Em relação à alimentação, seguimos as recomendações dos guias e auxiliamos a alimentosseparação e distribuição entre os membros do grupo que os levariam em suas cargueiras, mas hoje entendemos que a quantidade poderia ter sido bem menor, o que pouparia energia e dinheiro.

Dinheiro pois há a possibilidade de contratar carregadores (os porters) que sobem e descem com os pertences dos montanhistas, além de montar e desmontar as barracas em cada campo de altitude.         É possível contratá-los diretamente nas operadoras e o preço é de acordo com o trajeto entre Plaza de Mulas e os Campos de Altitude, por quilo e por vezes em que se monta/desmonta a barraca ex.: Plaza de Mulas até Canadá, 20 kg e 1x monta/desmonta – custo aproximado de 150 USD.    Por isso é importante ter dinheiro em espécie ou estar com seu cartão de crédito + taxas, sim é possível usá-lo em Plaza de Mulas.

Muita ansiedade e uma nova estratégia frente a uma difícil decisão

A preparação dos equipamentos pessoais deve ser muito bem feita para facilitar o manuseio nos campos de altitude e requer tempo e cuidado para a montagem das mochilas.   E este momento foi um verdadeiro quebra cabeças dentro de nossa barraca durante toda a noite, pois no dia seguinte pela manhã já partiríamos rumo a Plaza Canadá – 5.050m, o primeiro campo de altitude.

bagagem na barraca

Toda essa movimentação, a previsão de uma condição de muita neve nos campos de altitude e a ansiedade por esse importante momento mexeu muito forte conosco e trouxe um momento de profunda reflexão e de conhecimento de si mesmos.

Na noite anterior à subida, o Ricardo não conseguiu dormir quase nada, saiu da barraca foi para o dome para tentar deixar a Andrea descansar, mas essa situação tem um preço: no amanhecer ele estava bastante cansado o que representava um risco para o seguir com a expedição.

Depois de muita reflexão e conversa, tomamos juntos uma difícil e complicada decisão: a expedição terminaria ali para nós.

Fomos então conversar com nosso guia Ivan que, com toda a sua experiência de mais de 20 cumes do Aconcágua, concordou sobre o risco mas também nos propôs uma alternativa de ficarmos mais um dia em Plaza de Mulas e subirmos direto para Nido de Condores, o Campo de Atitude 2 (5.500m).

Suas palavras e a nova estratégia nos emocionou muito e nos encheu de uma força adicional.

Nos despedimos do grupo na Plaza de Armas com a certeza que nos encontraríamos novamente no dia seguinte já em Nido de Condores, depois de descansarmos e nos alimentarmos em Plaza de Mulas.

despedida